PRINCÍPIOS E VALORES ORIENTADORES DO CURRÍCULO
A clarificação das competências a alcançar no final da educação básica toma como referentes os pressupostos da Lei de Bases do Sistema Educativo, sustentando-se num conjunto de valores e de princípios que a seguir se enunciam:
• A construção e a tomada de consciência da identidade pessoal e social.
• A participação na vida cívica de forma livre, responsável, solidária e crítica.
• O respeito e a valorização da diversidade dos indivíduos e dos grupos quanto às suas pertenças
e opções.
• A valorização de diferentes formas de conhecimento, comunicação e expressão.
• O desenvolvimento do sentido de apreciação estética do mundo.
• O desenvolvimento da curiosidade intelectual, do gosto pelo saber, pelo trabalho e pelo estudo.
• A construção de uma consciência ecológica conducente à valorização e preservação do
património natural e cultural.
• A valorização das dimensões relacionais da aprendizagem e dos princípios éticos que regulam
o relacionamento com o saber e com os outros.
Equacionaram-se à luz destes princípios as competências, concebidas como saberes em uso, necessárias à qualidade da vida pessoal e social de todos os cidadãos, a promover gradualmente ao longo da educação básica.
COMPETÊNCIAS GERAIS
À saída da educação básica, o aluno deverá ser capaz de:
(1) Mobilizar saberes culturais, científicos e tecnológicos para compreender a realidade e para abordar situações e problemas do quotidiano.
(2) Usar adequadamente linguagens das diferentes áreas do saber cultural, científico e tecnológico para se expressar.
(3) Usar correctamente a língua portuguesa para comunicar de forma adequada e para estruturar pensamento próprio.
(4) Usar línguas estrangeiras para comunicar adequadamente em situações do quotidiano e para apropriação de informação.
(5) Adoptar metodologias personalizadas de trabalho e de aprendizagem adequadas a objectivos visados.
(6) Pesquisar, seleccionar e organizar informação para a transformar em conhecimento mobilizável.
(7) Adoptar estratégias adequadas à resolução de problemas e à tomada de decisões.
(8) Realizar actividades de forma autónoma, responsável e criativa.
(9) Cooperar com outros em tarefas e projectos comuns.
(10) Relacionar harmoniosamente o corpo com o espaço, numa perspectiva pessoal e interpessoal promotora da saúde e da qualidade de vida.
O desenvolvimento destas competências pressupõe que todas as áreas curriculares actuem em convergência.
Assim, clarifica-se, para cada uma destas competências gerais, a sua operacionalização. Esta deverá ter um carácter transversal. Compete às diferentes áreas curriculares e seus docentes explicitar de que modo essa operacionalização transversal se concretiza e se desenvolve em cada campo específico do saber e para cada contexto de aprendizagem do aluno.
Explicita-se ainda, para cada competência geral, um conjunto de acções relativas à prática docente que se reconhecem essenciais para o adequado desenvolvimento dessa competência nas diferentes áreas e dimensões do currículo da educação básica.
(1) Mobilizar saberes culturais, científicos e tecnológicos para compreender a realidade e para abordar situações e problemas do quotidiano
Operacionalização transversal
• Prestar atenção a situações e problemas manifestando envolvimento e curiosidade.
• Questionar a realidade observada.
• Identificar e articular saberes e conhecimentos para compreender
uma situação ou problema.
• Pôr em acção procedimentos necessários para a compreensão da realidade e para a resolução de problemas.
• Avaliar a adequação dos saberes e procedimentos mobilizados e proceder a ajustamentos necessários.
Operacionalização específica
A operacionalização específica será feita na perspectiva de cada disciplina ou área curricular tendo em conta os saberes, procedimentos, instrumentos e
técnicas essenciais de cada área do saber e visando o desenvolvimento pelo
aluno destas competências.
Acções a desenvolver por cada professor
• Abordar os conteúdos da área do saber com base em situações e problemas.
• Rentabilizar as questões emergentes do quotidiano e da vida do aluno.
• Organizar o ensino com base em materiais e recursos diversificados, dando atenção a situações do quotidiano.
• Organizar o ensino prevendo a experimentação de técnicas, instrumentos e formas de trabalho diversificados.
• Promover intencionalmente, na sala de aula e fora dela, actividades dirigidas à observação e ao questionamento da realidade e à integração de saberes.
• Organizar actividades cooperativas de aprendizagem, orientadas para a integração e troca de saberes
• Desenvolver actividades integradoras de diferentes saberes, nomeadamente a realização de projectos.
(2) Usar adequadamente linguagens das diferentes áreas do saber cultural, científico e tecnológico para se expressar
Operacionalização transversal
• Reconhecer, confrontar e harmonizar diversas linguagens para a comunicação de uma informação, de uma ideia, de uma intenção.
• Utilizar formas de comunicação diversificadas, adequando linguagens e técnicas aos contextos e às necessidades.
• Comunicar, discutir e defender ideias próprias mobilizando adequadamente diferentes linguagens.
• Traduzir ideias e informações expressas numa linguagem para outras linguagens.
• Valorizar as diferentes formas de linguagem.
Operacionalização específica
A operacionalização específica será feita na perspectiva de cada disciplina ou área curricular tendo em conta os saberes, procedimentos, instrumentos e técnicas essenciais de cada área do saber e visando o desenvolvimento pelo aluno destas competências.
Acções a desenvolver por cada professor
• Organizar o ensino prevendo a utilização de linguagens de comunicação diversificadas.
• Organizar o ensino com base em materiais e recursos em que são utilizadas linguagens específicas.
• Promover intencionalmente, na sala de aula e fora dela, actividades diferenciadas de comunicação e de expressão.
• Rentabilizar os meios de comunicação social e o meio envolvente.
• Rentabilizar as potencialidades das tecnologias de informação e de comunicação no uso adequado de diferentes linguagens.
• Apoiar o aluno na escolha de linguagens que melhor se adequem aos objectivos visados, em
articulação com os seus interesses.
• Desenvolver a realização de projectos que impliquem o uso de diferentes linguagens.
(3) Usar correctamente a língua portuguesa para comunicar de forma adequada e para estruturar pensamento próprio
Operacionalização transversal
• Valorizar e apreciar a língua portuguesa, quer como língua materna quer como língua de acolhimento.
• Usar a língua portuguesa de forma adequada às situações de comunicação criadas nas diversas áreas do saber, numa perspectiva de construção pessoal do conhecimento.
• Usar a língua portuguesa no respeito de regras do seu funcionamento.
• Promover o gosto pelo uso correcto e adequado da língua portuguesa.
• Auto-avaliar a correcção e a adequação dos desempenhos linguísticos, na perspectiva do seu aperfeiçoamento.
Operacionalização específica
A operacionalização específica será feita na perspectiva de cada disciplina ou área curricular tendo em conta os saberes, procedimentos, instrumentos e técnicas essenciais de cada área do saber e visando o desenvolvimento pelo aluno destas competências.
Acções a desenvolver por cada professor
• Organizar o ensino prevendo situações de reflexão e de uso da língua portuguesa, considerando a
heterogeneidade linguística dos alunos.
• Promover a identificação e a articulação dos contributos de cada área do saber com vista ao uso correctamente estruturado da língua portuguesa.
• Organizar o ensino valorizando situações de interacção e de expressão oral e escrita que permitam ao aluno intervenções personalizadas, autónomas e críticas.
• Rentabilizar os meios de comunicação social e o meio envolvente na aprendizagem da língua
portuguesa.
• Rentabilizar as potencialidades das tecnologias de informação e de comunicação no uso adequado da língua portuguesa.
(4) Usar línguas estrangeiras para comunicar adequadamente em situações do quotidiano e para apropriação de informação
Operacionalização transversal
• Compreender textos orais e escritos em línguas estrangeiras para diversificação das fontes dos saberes culturais, científicos e tecnológicos.
• Interagir, oralmente e por escrito, em línguas estrangeiras, para alargar e consolidar relacionamentos com interlocutores/parceiros estrangeiros.
• Usar a informação sobre culturas estrangeiras disponibilizada pelo meio envolvente e, particularmente, pelos media, com vista à realização de trocas interculturais.
• Auto-avaliar os desempenhos linguísticos em línguas estrangeiras quanto à adequação e eficácia.
Operacionalização específica
A operacionalização específica será feita na perspectiva de cada disciplina ou área curricular tendo em conta os saberes, procedimentos, instrumentos e técnicas essenciais de cada área do saber e visando o desenvolvimento pelo aluno destas competências.
Acções a desenvolver por cada professor
• Organizar o ensino prevendo o recurso a materiais pedagógicos em língua estrangeira.
• Rentabilizar o recurso a informação em língua estrangeira acessível na internet e outros recursos
informáticos.
• Organizar actividades cooperativas de aprendizagem em situações de interacção entre diversas línguas e culturas.
• Promover actividades de intercâmbio presencial ou virtual, com utilização, cada vez mais intensa, das tecnologias de informação e comunicação.
• Promover a realização de projectos em que seja necessário utilizar línguas estrangeiras.
(5) Adoptar metodologias personalizadas de trabalho e de aprendizagem adequadas a objectivos visados
Operacionalização transversal
• Exprimir dúvidas e dificuldades.
• Planear e organizar as suas actividades de aprendizagem.
• Identificar, seleccionar e aplicar métodos de trabalho.
• Confrontar diferentes métodos de trabalho para a realização da mesma tarefa.
• Auto-avaliar e ajustar os métodos de trabalho à sua forma de aprender e aos objectivos visados.
Operacionalização específica
A operacionalização específica será feita na perspectiva de cada disciplina ou área curricular tendo em conta os saberes, procedimentos, instrumentos e técnicas essenciais de cada área do saber e visando o desenvolvimento pelo aluno destas competências.
Acções a desenvolver por cada professor
• Organizar o ensino prevendo a experimentação de técnicas, instrumentos e formas de trabalho diversificados.
• Promover intencionalmente, na sala de aula e fora dela, actividades dirigidas à expressão e ao esclarecimento de dúvidas e de dificuldades.
• Organizar actividades cooperativas de aprendizagem.
• Organizar o ensino com base em materiais e recursos diversificados, adequados às diferentes formas de aprendizagem.
• Apoiar o aluno na descoberta das diversas formas de organização da sua aprendizagem.
(6) Pesquisar, seleccionar e organizar informação para a transformar em conhecimento mobilizável
Operacionalização transversal
• Pesquisar, seleccionar, organizar e interpretar informação de forma crítica em função de questões, necessidades ou problemas a resolver e respectivos contextos.
• Rentabilizar as tecnologias da informação e comunicação nas tarefas de construção de conhecimento.
• Comunicar, utilizando formas diversificadas, o conhecimento resultante da interpretação da informação.
• Auto-avaliar as aprendizagens, confrontando o conhecimento produzido com os objectivos visados e com a perspectiva de outros.
Operacionalização específica
A operacionalização específica será feita na perspectiva de cada disciplina ou área curricular tendo em conta os saberes, procedimentos, instrumentos e técnicas essenciais de cada área do saber e visando o desenvolvimento pelo aluno destas competências.
Acções a desenvolver por cada professor
• Organizar o ensino prevendo a pesquisa, selecção e tratamento de informação.
• Promover intencionalmente, na sala de aula e fora dela, actividades dirigidas a pesquisa, selecção, organização e interpretação de informação.
• Organizar o ensino prevendo a utilização de fontes de informação diversas e das tecnologias da informação e comunicação.
• Promover actividades integradoras dos conhecimentos, nomeadamente a realização de projectos.
(7) Adoptar estratégias adequadas à resolução de problemas e à tomada de decisões
Operacionalização transversal
• Identificar situações problemáticas em termos de levantamento de questões.
• Seleccionar informação e organizar estratégias criativas face às questões colocadas por um problema.
• Debater a pertinência das estratégias adoptadas em função de um problema.
• Confrontar diferentes perspectivas face a um problema, de modo a tomar decisões adequadas.
• Propor situações de intervenção, individual e, ou colectiva, que constituam tomadas de decisão face a um problema, em contexto.
Operacionalização específica
A operacionalização específica será feita na perspectiva de cada disciplina ou área curricular tendo em conta os saberes, procedimentos, instrumentos e técnicas essenciais de cada área do saber e visando o desenvolvimento pelo aluno destas competências.
Acções a desenvolver por cada professor
• Promover intencionalmente, na sala de aula e fora dela, actividades que permitam ao aluno fazer escolhas, confrontar pontos de vista e resolver problemas.
• Organizar o ensino prevendo a utilização de fontes de informação diversas e das tecnologias da informação e comunicação para o desenvolvimento de estratégias de resolução de problemas.
• Promover intencionalmente, na sala de aula e fora dela, actividades de simulação e jogos de papéis que permitam a percepção de diferentes pontos de vista.
• Promover a realização de projectos que envolvam a resolução de problemas e a tomada de decisões.
(8) Realizar actividades de forma autónoma, responsável e criativa
Operacionalização transversal
• Realizar tarefas por iniciativa própria.
• Identificar, seleccionar e aplicar métodos de trabalho, numa perspectiva crítica e criativa.
• Responsabilizar-se por realizar integralmente uma tarefa.
• Valorizar a realização de actividades intelectuais, artísticas e motoras que envolvam esforço, persistência, iniciativa e criatividade.
• Avaliar e controlar o desenvolvimento das tarefas que se propõe realizar.
Operacionalização específica
A operacionalização específica será feita na perspectiva de cada disciplina ou área curricular tendo em conta os saberes, procedimentos, instrumentos e técnicas essenciais de cada área do saber e visando o desenvolvimento pelo aluno destas competências.
Acções a desenvolver por cada professor
• Organizar o ensino prevendo a realização de actividades por iniciativa do aluno.
• Promover intencionalmente, na sala de aula e fora dela, actividades dirigidas à experimentação de situações pelo aluno e à expressão da sua criatividade.
• Organizar actividades cooperativas de aprendizagem rentabilizadoras da autonomia, responsabilização e criatividade de cada aluno.
• Organizar o ensino com base em materiais e recursos diversificados que favoreçam a autonomia e a criatividade do aluno.
• Apoiar o aluno na descoberta das diversas formas de organização da sua aprendizagem e na construção da sua autonomia para aprender.
• Criar na escola espaços e tempos para intervenção livre do aluno.
• Valorizar, na avaliação da aprendizagem do aluno, a produção de trabalhos livres e concebidos pelo próprio.
(9) Cooperar com outros em tarefas e projectos comuns
Operacionalização transversal
• Participar em actividades interpessoais e de grupo, respeitando normas, regras e critérios de actuação, de convivência e de trabalho em vários contextos.
• Manifestar sentido de responsabilidade, de flexibilidade e de respeito pelo seu trabalho e pelo dos outros.
• C o m u n i c a r, discutir e defender descobertas e ideias próprias, dando espaços de intervenção aos seus parceiros.
• Avaliar e ajustar os métodos de trabalho à sua forma de aprender, às necessidades do grupo e aos objectivos.
Operacionalização específica
A operacionalização específica será feita na perspectiva de cada disciplina ou área curricular tendo em conta os saberes, procedimentos, instrumentos e técnicas essenciais de cada área do saber e visando o desenvolvimento pelo aluno destas competências.
Acções a desenvolver por cada professor
• Organizar o ensino prevendo e orientando a execução de actividades individuais, a pares, em grupos
e colectivas.
• Promover intencionalmente, na sala de aula e fora dela, actividades dirigidas para o trabalho cooperativo, desde a sua concepção à sua avaliação e comunicação aos outros.
• Propiciar situações de aprendizagem conducentes à promoção da auto-estima e da autoconfiança.
• Fomentar actividades cooperativas de aprendizagem com explicitação de papéis e responsabilidades.
• Organizar o ensino com base em materiais e recursos diversificados adequados a formas de trabalho cooperativo.
• Apoiar o aluno na descoberta das diversas formas de organização da sua aprendizagem em interacção com outros.
• Desenvolver a realização cooperativa de projectos.
(10) Relacionar harmoniosamente o corpo com o espaço, numa perspectiva pessoal e interpessoal promotora da saúde e da qualidade de vida
Operacionalização transversal
• Mobilizar e coordenar os aspectos psicomotores necessários ao desempenho de tarefas.
• Estabelecer e respeitar regras para o uso colectivo de espaços.
• Realizar diferentes tipos de actividades físicas, promotoras de saúde, do bem-estar e da qualidade de vida.
• Manifestar respeito por normas de segurança pessoal e colectiva.
Operacionalização específica
A operacionalização específica será feita na perspectiva de cada disciplina ou área curricular tendo em conta os saberes, procedimentos, instrumentos e técnicas essenciais de cada área do saber e visando o desenvolvimento pelo aluno destas competências.
Acções a desenvolver por cada professor
• Organizar o ensino prevendo a realização de actividades em que é necessário estabelecer regras e critérios de actuação.
• Organizar o ensino prevendo a realização de jogos diversificados de modo a promover o desenvolvi-mento harmonioso do corpo em relação ao espaço e ao tempo.
• Promover intencionalmente, na sala de aula e fora dela, actividades dirigidas à apropriação de hábitos de vida saudáveis e à responsabilização face à sua própria segurança e à dos outros.
• Organizar actividades diversificadas que promovam o desenvolvimento psicomotor implicado no desempenho de diferentes tarefas.
• Organizar actividades cooperativas de aprendizagem e projectos conducentes à tomada de consciência de si, dos outros e do meio.
• Organizar o ensino com base em materiais e recursos diversificados.
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